NOTA
DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
CARDIOVASCULARES (PPGCCV) DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) SOBRE
O MODELO DE CONCESSÃO DE BOLSAS CAPES EM VIGOR
Há
tempos a comunidade científica brasileira luta contra os progressivos cortes de
fomento à pesquisa no País. Em 2019 os Programas de Pós-Graduação (PPG) Stricto
Sensu tiveram bolsas de mestrado/doutorado congeladas e até dia 03 de março do
ano corrente não tinham ideia do panorama de 2020, quando a Capes liberou o
primeiro documento sobre concessão de bolsas baseado nos critérios dispostos na
Portaria n° 20, de 20 de fevereiro de 2020. Neste cenário inicial, uma bolsa de
mestrado e uma bolsa de doutorado do PPGCCV seriam devolvidas em algum momento
a partir desta data por ter passado a constituir a chamada cota empréstimo.
Porém,
no último dia 18 de março a Capes liberou um segundo documento a respeito,
tendo como base não só os critérios dispostos na supracitada portaria, mas
também a Portaria n° 34/2020, de 09 de março de 2020. Neste documento, vários
PPGs da UFF, inclusive conceitos 6 e 7, portanto PPGs de excelência,
tiveram um quantitativo maior de bolsas atribuídas a chamada cota empréstimo, representando
um severo corte em detrimento de PPGs com notas 6 e 7 de grande porte de outras
instituições.
Cabe
ponderar os benefícios da estratégia adotada para a nação. Este modelo tende a
favorecer a centralização da qualificação
de recursos humanos e da produção de conhecimento em um País de dimensões
continentais, o que pode comprometer o seu desenvolvimento
científico, tecnológico e econômico.
No
atual cenário, 6 bolsas de mestrado e 5 bolsas de doutorado do PPGCCV passaram
a constituir cota empréstimo, representando 40% do total de bolsas em vigor.
Todas estas bolsas terão que ser devolvidas ainda este ano de modo que apenas
um único candidato aprovado no último processo seletivo terá chance de receber
bolsa no final de 2020 (se nada mais mudar no modelo de concessão até lá). Esse
fato pode contribuir para a evasão de alunos, profissionais graduados, uma vez
que o desenvolvimento de muitos projetos de pesquisa requer dedicação
exclusiva, fazendo da bolsa seu único meio de subsistência.
Cabe
ressaltar que o PPGCCV é um curso com 35 anos de existência tendo titulado
cerca de 250 profissionais que atuam em prol da saúde no Brasil como docentes,
pesquisadores, médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos,
fisioterapeutas, biólogos, biomédicos, educadores físicos, psicólogos,
engenheiros reconhecidos. E dentre as doenças crônicas não transmissíveis, as
doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morte no Brasil e no
mundo.
A Ciência e o Brasil não merecem isto. O PPGCCV espera que
a Capes resgate o diálogo com outros protagonistas dos PPGs brasileiros,
revogando a Portaria, visando a construção de um país melhor e mais justo.